No mercado atual de trabalho muito se fala sobre o profissional de alta performance e alto rendimento – termos amplamente usados na área esportiva e que agora ficarão ainda mais em destaque com o inícios das Olimpíadas 2024, na sexta-feira, 26 de julho – mas essa busca é um tanto complexa e o termo nem sempre é usado de forma correta.
Muitas vezes, práticas prejudiciais são confundidas com eficiência. Longas horas de trabalho e sobrecarga de tarefas, sem tempo para feedback ou descanso, não formam times de alta performance, embora alguns empregadores utilizem erroneamente o termo para justificar essas atitudes.
Alto rendimento além dos atletas
A alta performance não é exclusiva dos atletas. Todos podem alcançá-la, mas é preciso entender seus requisitos. Um profissional de alta performance é produtivo e supera expectativas, como descrito em artigos da Alura e Zendesk. Essas fontes destacam habilidades como comprometimento, produtividade, comunicação, capacidade analítica e tomada de decisão. Alta performance envolve realizar tarefas de forma mais eficiente, não trabalhar excessivamente.
A busca por esses profissionais no mercado de trabalho têm se tornado relevantes devido aos desafios do mundo atual. Em um ambiente rápido e volátil, esses profissionais se destacam pela capacidade de reagir rapidamente.
Processos cerebrais essenciais para a alta performance
Com a aproximação dos jogos Olímpicos, todos querem saber os diferenciais dos atletas de alta performance. Por isso, o Fantástico preparou uma série de reportagens sobre o cérebro desses atletas e destaca três processos cerebrais fundamentais para a alta performance:
Treinamento e experiência: a repetição é parte crucial do cotidiano dos atletas. O treinamento extenso consolida a memória implícita, favorecendo respostas rápidas e automáticas;
Reconhecimento de padrões: estudar o esporte e os adversários cria um repertório de possíveis desafios e desfechos. O cérebro, uma máquina de previsões, usa esse conhecimento para ajustar o comportamento;
Empatia: a empatia é a capacidade de entender o outro, compartilhando emoções e perspectivas. Os atletas praticam empatia constantemente, antecipando ações dos adversários.
Aplicação no ambiente corporativo
Esses insights dos atletas podem ser aplicados no desenvolvimento de profissionais. É necessário tempo para treinar, repetir eventos e estudar padrões. A empatia deve ser treinada para melhorar a leitura do contexto e a preparação para respostas adequadas.
“Confesso que a busca pelo profissional de alta performance às vezes me cansa”, afirma a neurocientista e consultora da Nêmesis, Joana Coelho. “Não porque não acredito na capacidade de termos times que atendam a esses parâmetros, mas porque, muitas vezes, isso se confunde com práticas prejudiciais a esse objetivo. Confunde-se com profissionais que trabalham muitas horas ou que estão sobrecarregados de tarefas; nem sempre há tempo para feedback, quem dirá para o desenvolvimento, além de pouco tempo para descanso e relaxamento. Nada disso é compatível com formar times de alta performance”.
“Esses mesmos processos são fundamentais para potencializar a alta performance dos profissionais nas organizações”, destaca Joana. “A repetição e exposição a essas vivências são essenciais para a consolidação da memória implícita relacionada às situações e movimentos, favorecendo a resposta rápida e automática necessária naquele segundo que pode fazer toda a diferença no resultado.”
“Ao elucidar esses ‘segredos’, podemos reavaliar como formamos nossos profissionais e identificar se estamos apoiando o desenvolvimento que permitirá chegar à alta performance.”